terça-feira, 27 de agosto de 2013

V Edição do THEÓRIA acontece de 27 a 31 de agosto na Fundaj/Casa Forte


A V Edição do THEÓRIA acontece de 27 a 31 de agosto, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), sob o tema “O Futuro do Passado do Nordeste”, com acesso gratuito, limitado à capacidade do auditório (120 lugares).
O evento inclui Grupo de Trabalho, Curso, exposição, lançamento de livro, painéis e projeções, distribuídos por espaços do campus Gilberto Freyre, da Fundaj (avenida dezessete de agosto, 2187, Casa Forte).
Na sala Calouste Gulbenkian, por exemplo, acontece a abertura do Theória, às 18h30, do dia 27/08, com presenças do presidente da Fundação, Fernando Freire, da diretora de Memória, Educação, Cultura e Arte (MECA), da Fundaj, Silvana Meireles, do coordenador-geral de Museus, Renato Athias, do coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação(PPGCOM), da UFPE, Marco Mondaini, da coordenadora do Museu do Homem do Nordeste, Ciema Mello, e do professor do PPGCOM, da UFPE, José Afonso Jr.. Em seguida, às 19 horas, no mesmo local, será realizada a palestra de abertura do evento, feita pelo professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Rubens Fernandes Jr. .
A abertura da exposição do Coletivo Café com Gelo, grupo proveniente da região do Cariri cearense, será no Edifício Gil Marinho, do Museu do Homem do Nordeste, da Fundaj, na avenida dezessete de agosto, 2187, no bairro de Casa Forte. O Grupo de Trabalho "Futuros da Fotografia", o Curso "A imagem fotográfica no livro e na imprensa periódica no século XIX e início do século XX", ministrado pelo professor da PUC-RJ, Joaquim Marçal, e as projeções de trabalho, com painéis do Futuro do passado do Nordeste, serão no auditório Calouste Gulbenkian. Já o lançamento do livro "Fotografia Contemporânea entre o cinema, o vídeo e as novas mídias", do professor Antonio Fatorelli, será no hall de entrada do edifício Paulo Guerra, da Fundação, na avenida dezessete de agosto, 2187, em Casa Forte.
O Que é Theória
Theoría significa ação de contemplar, olhar, examinar, especular. Também pode ser entendido como forma de pensar e entender algum fenômeno a partir da observação. No caso do projeto THEÓRIA do Museu do Homem do Nordeste, ele é um projeto que se utiliza de conceitos de vertentes da museologia social e da antropologia visual, fazendo uma museologia, e/ou uma antropologia, a partir e através das imagens, seja fotografia, cinema, vídeo, artes plásticas e/ou visuais, iconografia, cenografia, porém tudo que contenha e contemple a imagem como fonte de pesquisa e de objeto de estudo. 
O Projeto
O projeto THEÓRIA surgiu há quatro anos de uma parceria generosamente estabelecida pela professora/doutora Georgia Quintas, com a direção do Museu do Homem do Nordeste, na ocasião, empenhado em aproximar, através da imagem, o Nordeste musealizado do Nordeste real - encarnado em gente de carne e osso - múltiplo e, sobretudo, visivelmente dissidente da ficção dominante na região, ainda hoje povoada por estereótipos como o cangaceiro, o beato e o retirante.
O Museu do Homem do Nordeste é um museu etnográfico, criado por Gilberto Freyre, nos moldes propostos por seu mestre, Franz Boas, e, portanto, desde o início, comprometido com a idéia de reabilitar a alteridade, isto é, com a idéia de estabelecer com o “outro” uma relação de simetria, no sentido em que cada um deve ter reconhecido o direito de dizer quem é. Com essa perspectiva, ampliada, desde janeiro de 2009, com a aprovação do Estatuto Nacional de Museus, de acordo com o qual cumpre aos museus brasileiros assumir o papel de agentes ativos de inclusão social, o MUHNE passou a desenvolver atividades hoje chamadas paramuseológicas, com o fim de expandir, além muros, o seu campo de ação, e já em suas primeiras incursões surgiu, nítida, a necessidade de se estabelecer uma interlocução contínua com outros profissionais capazes de ajudar – de fato - a equipe do Museu a atualizar e a problematizar o Nordeste musealizado.
Foi nessa ocasião que surgiu o primeiro THEÓRIA, pois nos pareceu que os interlocutores naturais do Museu seriam os profissionais de imagem, uma vez que trabalham, à rigorosa semelhança dos antropólogos, com o olhar. Com efeito, a parceria entre Museu e os profissionais de imagem – sobretudo fotógrafos e cineastas - converteu-se gradualmente em um programa de prospecção do Nordeste apropriado como objeto de estudo antropológico. Hoje podemos afirmar, sem exagero, que o Museu vê com muitos olhos, e que, daqui de Recife, hoje é capaz de enxergar a Bahia e o Maranhão. Dia a dia, realisticamente desdobrado em NordesteS, revela-se, multiplica-se e redefini-se o Nordeste, escrutinado com o olho ágil, experiente, de nossos amigos fotógrafos e cineastas, cujo trabalho foi - e é - fundamental na construção de um modelo museológico em tese susceptível de representar a originalidade reconhecida à Identidade Regional no panorama da nacionalidade brasileira, porém, doravante, corretamente qualificada de “processual”: - Nordeste é um processo. E não uma realidade acabada e resistente às mudanças da História. Em 2012 o tema escolhido para ser discutido durante o Theória foi o “Nordestes Emergentes” título da principal pesquisa a ser empreendida pelo Museu no curso de 2012, a qual assumirá, em sua fase executiva, o contorno de uma brigada etnográfica composta por doze duplas de profissionais – um fotógrafo e um pesquisador com formação em Antropologia e/ou história – as quais deverão prospectar a hipótese da pesquisa em doze diferentes pontos da região. Trata-se, com efeito, de descobrir se há elementos que autorizem concluir que a emergência dos novos Nordestes – reconhecíveis por sua oposição espontânea aos Nordestes residuais, assim entendidos aqueles vulneráveis a ficção dominante da região equívoca e majoritariamente ainda povoada por estereótipos – inaugura um novo ciclo identitário e, sobretudo, problematiza o discurso regionalista, hoje incapaz de absorver a complexidade e a amplitude das dinâmicas sociais em curso.
Parecer haver no Nordestes duas categorias de passado: o passado que quer permanecer e o passado que quer mudar. O primeiro está a origem das memórias orientadas pela repetição, enquanto que, ao inverso, o segundo está a origem da memória orientada pela mudança. Na realidade, poder-se-ia afirmar que hoje o Nordeste vive as tensões inevitavelmente implicadas na urgência de decidir no presente, o futuro do seu passado, o qual poderá ser ou um obstáculo ou um desencadeador de mudança. Em, outras palavras, hoje o Nordeste parece estar transformando sua identidade de raiz em identidade de projeto sem prejuízo, contudo da originalidade reconhecida a cultura regional: na vida real, nada impede aos indivíduos de serem simultaneamente, brasileiros, nordestinos e HOMO GLOBATUS.
Nesse cenário, o IV Theória assumiu para o MUHNE  uma importância ainda muito maior do que os anteriores uma vez que constitui, de certo modo, a síntese das discussões que vem sendo desenvolvidas desde 2009 com o propósito de prospectar o Nordeste com o fim, por sua vez, de aproximar o Nordeste narrado da exposição do Nordeste vivido que se vê nas ruas.
Por conseguinte, dentro de suas possibilidades, a Coordenação de Museologia tentou montar, para esse encontro, uma agenda à altura dessas expectativas com intuito de criar efetivamente condições favoráveis ao amadurecimento das questões implicadas na compreensão da emergência dos Novos Nordestes. Assim convidamos profissionais e reconhecidamente sensíveis a idéia de utilizar a imagem como instrumento privilegiado de pesquisa da vida social visto que, curiosamente, a imagem possui o poder de tornar visível o que é, em geral, invisível:- o poder de revelar o avesso, o subterrâneo da realidade o qual por não estar à superfície não é menos concreto – menos denso enquanto fenômeno do que suas manifestações ostensivas. O evento foi  realizado em quatro dias sendo dois dias de palestras e abertura da exposição fotográfica sobre Nordestes Emergentes e dois dias dedicados a oficina de curadoria.

Programação.
Local da Abertura, GT, Projeções, Painéis e Curso > Auditório Calouste Gulbenkian.
Local da Exposição > Museu do Homem do Nordeste. Edf. Gil Maranhão.
Inscrições para o Curso > Durante o evento, em lista.